segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Gente colorida é uma merda


Aí você está sentado no ônibus e de repente entra um cara com uma franja que cobre um olho, camiseta colada lilás, óculos azul e calça amarela. Então você olha e se pergunta:  “que porra é essa?”. Daí ele senta atrás de você, liga o celular e começa a ouvir uma musiquinha (que ele poderia muito bem ouvir no fone de ouvido, mas não o faz de propósito) do Restart, Cine e outras merdas dessa. Você olha para a janela e diz: “onde é que foi parar os neurônios dessa juventude de hoje?”.

A princípio você pode concluir que está ficando velho, careta, noiado, ou coisas do tipo, mas a verdade é que a juventude imbecilizou-se. É fácil constatar isso. Veja o exemplo de comportamento que essas crianças estão tendo. Na minha época, o cara que chegasse no colégio com uma calça amarela e camisa lilás seria taxado de viado, mas hoje até parece que ser viado está na moda. Eu fico pensando como será nos tempos dos meus filhos.

Quando eu era adolescente, nós nos reuníamos para conversar sobre os discos das bandas, trocar informações, pegar livros emprestados, ir ao cinema e coisas de adolescente que deseja ser alguém na vida. Hoje eu vejo essa gente colorida e fico pensando onde foi que nós erramos. O que foi que a minha geração fez de errado para gerar gente tão alienada?

A resposta é fácil: nós nos omitimos. Isso mesmo. Você, Rodrigo, você, Suélen, Você, Joanna, você, Bruno, você, Aline. Você se omitiu. E nem venham me dizer que isso não é verdade. Nós crescemos num mundo que nos obrigou a pensar somente em nossos umbigos. E eu não me excluo disso, não.

Essa gente colorida é fruto do nosso descaso. De uma geração que não soube se impor perante as adversidades sociais, políticas, culturais e educacionais. Essa gente colorida é o retrato do quão pobre é a situação da nossa juventude. Essa gente vai cuidar do nosso país daqui a alguns anos. Imagine só como será essa merda de nação com esse povo no poder.

Gente sem ideologia que pensa (se é que pensa) que atitude é botar uma bexiga de uma roupa pra chamar atenção, se dizer rockeiro e se achar um cara incompreendido. Só um recado para você que é assim: ô, babaca, você se acha incompreendido, porque é impossível compreender você.

Só estou postando este texto porque vi na MTV (que fez a alegria dos meus tempos adolescentes quando me apresentou Radiohead, Screaming Trees, Sonic Youth, Tool, Elliot Smith, Fiona Aplle e outros) premiando o Restart como banda do ano. A única coisa que lavou minha alma foi a vaia quando aqueles ”incompreendidos” subiram para receber o prêmio.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um texto sobre Marco Maciel

Este texto está a disposição no Blog do Jamildo e só estou publicando no Vivendo com gente doida porque concordo com absolutamente tudo que o jornalista pensa em seu artigo.

 

Leiam, reflitam e votem com consciência.

 

Maciel DEMolido

POSTADO ÀS 22:27 EM 08 DE Setembro DE 2010

Por Alberto Lima, de Paris
Marco Maciel tombará. Perderá a primeira eleição da sua vida. Será lapeado pela onda Lula que, longe de ser uma marolinha, é um tsunami que engolfa Pernambuco e promete não deixar de pé qualquer verdadeiro opositor do Governo Federal existente no Estado.
Maciel, justiça se faça, não é opositor. Nunca foi, aliás, opositor a nada na história política do Brasil. Maciel sempre foi poder.
Esteve, no máximo, como hoje: em partido que está na oposição. E, quando nessas circunstâncias, sobrevivia politicamente graças a uma entranhada estrutura orgânica estatal, cujos vasos comunicantes jorravam seiva pública que jamais secava a seres ávidos.
Hoje, o que sobrou dessa estrutura orgânica estatal está velho, retorcido, podre. Parte significativa desse entulho chama-se DEM, onde está Maciel.
O DEM de Maciel está na oposição. Mas não é propriamente um partido. É um ajuntamento de cacarecos fisiológicos saudosos das tetas fartas em que mamavam. É DEM de demeritório, de demi-monde, de demagógico, de demóboro, de démodé.
Marco Maciel é maior do que a sigla a que pertence, tem mais visão que ela. Mas é demissionário da política porque não soube recriar essa turma que trata o Brasil como um feudo e resistiu a mudar quando o país mudou. O DEM é uma versão picaresca de legenda, é um estelionato político, é um nome novo para velhas práticas, uma prostituição alfabética que travestiu o P de D, o F de E e o L de M para diferenciar, sem sucesso, o antigo PFL daquilo que é hoje.
Maciel será vítima da cegueira política do seu bando, da demência dessa gente que perdeu o rumo puramente por inanição de poder.
É certo que, em Pernambuco, já se esperava que a oposição a Lula seria derrotada. Isso já traria prejuízos ao velho Marco, nominado pelo insuspeito periódico Papa-Figo de “verdadeiro Marco Zero de Pernambuco”.
É notório, ainda, que não se acreditava que Jarbas Vasconcelos, governador do Estado por duas vezes, senador de meio mandato, fosse trucidado na campanha ao Palácio das Princesas pelo neto de Arraes, um seu criador, e principalmente pela traição de aliados políticos que lhe foram tão caros, como Sérgio Guerra. Outro ponto desastroso à reeleição de Maciel ao Senado.
Mas, sem dúvida, o que mais prejudica esse canídeo da política pernambucana é o fato de estar agregado à massa amorfa e vazia do DEM, cuja falta de discurso e coerência para representar a oposição vai levá-lo a um desastre eleitoral em outubro próximo que o varrerá do mapa de norte a sul do país.
Marco Maciel começou a campanha em um palanque armado sobre palafitas podres. Hoje, está agarrado a um pau de sebo, a única coisa que restou depois do desabamento da pseudo-estrutura jarbista. Vem em queda livre nas pesquisas desde o início da disputa.
Se Eduardo Campos souber imprimir gás aos últimos dias da corrida eleitoral, gravará no código genético da política pernambucana uma vitória sem precedentes históricos. Esfacelerá um inicialmente fortíssimo candidato adversário ao governo e elegerá os dois senadores da sua chapa, arrancando a cadeira de um dos mais significativos ícones do Brasil nos últimos 50 anos.
Sou tentado a crer que, na noite de 3 de outubro de 2010, Eduardo dormirá com um sorriso nos lábios mais espichado do que o que avô dormiu em 86. Porque terá feito melhor do que ele. Não voltou do exílio para derrotar os adversários. Mas derrotará os adversários e os mandará para o exílio.
Alberto Lima, jornalista