quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Touca

Eu devia ter uns 8 anos de idade. Época boa que não traz nenhuma preocupação às nossas cabeças. Eu estudava em um colégio grande e que tinha uma piscina, mas apenas para as aulas de natação que havia no período da tarde. Sendo assim, nós que não fazíamos o esporte quase nunca podíamos tomar banho de piscina. Quase, porque todo ano o colégio abria a piscina para o dia do banho livre.

O dia do banho livre era um dia esperado por todas as crianças do colégio porque a gente ia poder tomar banho de piscina a manhã inteira e de quebra ainda ficar sem assistir às aulas. Era uma alegria só. Para um menino de 8 anos, o dia do banho livre era a glória. Era semelhante a ganhar um video game novo.

Em uma manhã qualquer, a "tia" entra na sala e diz: "turma, eu tenho uma notícia para vocês". Neste momento as crianças ficavam olhando pra ver que notícia era essa. "Amanhã teremos o dia do banho livre". A sala virou um fuzuê. As crianças ficaram pulando, gritando, sorrindo e soltando sons que me recuso a dar nomes, tudo por causa de um simples banho de piscina, mas mal sabia eu que aquela notícia teria uma segunda parte. A "tia" disse: "só poderá tomar banho de piscina quem vier de touca". Aí começou a minha odisséia.

Cheguei em casa todo animado depois daquela manhã e pus-me sentado no sofá para ver os desenhos e almoçar. Naquela época eu ficava com minha avó, pois meus pais trabalhavam o dia inteiro. Mal cheguei e, tamanha a minha alegria, fui logo comentando com vovó: "Vó, amanhã é o dia do banho livre, mas a "tia" disse que eu ia ter que ir de touca". Minha vó não se fez de rogada e tratou de dizer: "eu tenho uma touca guardada no guarda-roupa". Vovó subiu numa cadeira e pegou nas portas de cima do guarda roupa um pacotinho. Eu não sabia o que era uma touca. Nunca tinha ouvido falar nesse nome, então, se ela me trouxesse um elefante dizendo que o nome era touca eu iria acreditar.

Vovó chegou para mim, que ainda estava no sofá, e me deu o pacotinho. Eu o abri e tirei um troço cor de rosa que se encontrava dentro dele. Como eu não sabia o que era, tratei de perguntar: "Vó, o que é isso?" Ela respondeu que era a touca e que eu deveria colocar na cabeça. Fiquei feliz que só pinto no lixo. Coloquei a touca na cabeça e fiquei a tarde inteira com ela brincando. Era massa ver aquele negócio e saber que eu ia poder tomar banho de piscina com ele. Na verdade eu achava meio estranha porque ficava meio folgada em mim, mas eu não queria nem saber. O importante era que eu ia poder tomar banho de piscina.

Chega o tão esperado dia. Mamãe colocou a sunga em mim, mas eu não lhe mostrei a touca. Fui para o colégio e quando lá cheguei fiquei no meu lugar esperando a hora do banho livre começar. Acho que a sala inteira estava ansiosa naquele dia. De repente a "tia" chega e diz: "turma, vamos colocar as roupinhas de banho, mas não esqueçam das toucas". A meninada inteira começou a tirar as roupas. Os meninos estavam com suas sungas e as meninas com seus biquines por baixo das fardas.

Meus colegas começaram a pôr as toucas e eu fui percebendo que elas eram diferentes da minha. Aí começou o suplício, porque quando eu coloquei a minha touca cor de rosa e afolozada a pirraiada começou a apontar para mim e a dizer: "AHHHHHH, A TOUCA DELE É COR DE ROSA E É DE CHUVEIRO". Em instantes todos estavam apontando para mim e rindo e eu com cara de bunda já ficando puto com os risos alhieos e sem nem ao menos entender o porquê.

A "tia" deve ter percebido que a minha touca não era, digamos, apropriada para aquele momento, chegou em mim e disse: "olhe, essa sua touca não é de piscina, me dê que você pode tomar banho sem ela".

Agora responda: a "tia" teve ou não pena de mim? Eu acho que sim, porque fazer uma criança de 8 anos pagar um mico desta grandeza é algo que deveria receber prisão perpétua.

O importante foi que as crianças pararam de debochar de mim e eu fui o único a tomar banho sem touca naquele dia.

Quando cheguei em casa, reclamei com minha com minha vó sobre o ocorrido, mas ela apenas respondeu que não sabia que exsistia mais de um tipo de touca.

Pra vocês verem que não é de hoje que eu convivo com doido.

Vou nessa antes que eu fique cada vez mais traumatizado.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Aniversário de doido

Foi aniversário de Jurema ontem. Isso mesmo. Aniversário da minha chefe.

O pessoal da tesouraria resolveu que devíamos comemorar, afinal, ela é nossa chefe. Conseguiram uma torta de chocolate e uma coca-cola (na cortesia, é claro) com um fornecedor nosso. Não demorou muito para todos os comandados por Jurema estarem em nossa sala, bem como algumas poucas pessoas de outros departamentos.

Jurema chegou quando eu tinha acabado de imprimir um cartaz escrito "parabéns chefe" e, então, começamos a cantar o velho parabéns pra você.

Na hora do "é pique" Jurema olhou para todos e simplesmente gritou: "pique não. Eu quero é pica".

Agora, pense comigo, caro amigo leitor. O que leva uma cidadã de 41 anos, casada e aparentemente bem resolvida sexualmente a gritar no próprio aniversário que quer pica???

Aí quando eu digo que o povo é doido ninguém acredita.

Preferi tomar coca-cola e ir trabalhar que me dava mais futuro que ficar encarando este tipo de comentário.

gostou? leva pra casa...

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Quando acabar o maluco sou eu

Ontem a noite cheguei em casa e como sempre minha mãe veio abrir o portão para eu poder entrar com o carro. Quando desci olhei para ela e disse: "tenho uma boa noticia. Consegui alguém para vender meu vale tranporte e com o dinheiro vou encher o tanque do carro todo mês"

Claro que eu estava esperando uma palavra de apoio como um simples "que bom", mas mal sabia eu que o gene da loucura estava prestes a atacar e como num passe de mágica o mesmo passou a atuar trazendo a boca de madrecita as segunites palavras: "é, agora quando eu quiser sair com o teu vale transporte não vou mais poder. É sempre assim. As coisas para mim são sempre difíceis."

Não estou questinando que ela realmente não precise do meu vale transporte, mas a questão é a total dependência de mim e das minhas coisas, afinal, o vale é meu e eu faço o que quiser com ele.

Bem, diante de tamanho drama, calei-me e fui ao meu quarto deitar-me, afinal, loucura pode ser contagioso.

Olá, pessoas normais,

Hoje estão iniciando as atividades do blog que visa discutir o quão louco por vir a ser um ser humano e eu começo logo explicando os motivos que me levaram a criar este meio de desabafar com vocês sobre os entretantos de uma pessoa normal em meio as adversidades das loucuras dos outros.

PRIMEIRO MOTIVO: eu convivo diariamente e inclusive nos fins de semana com nada mais nada menos que minha própria mãe (a qual chamaremos de Lucrécia). Isso mesmo que vocês leram, a geradora desse que vos fala é o principal motivo para a existência deste documentário sobre a insanidade e os males que ela pode vir a causar nos que rodeiam os sofredores.

SEGUNDO MOTIVO: de segunda a sexta eu sou comandado no trabalho pela pessoa mais louca que eu já vi na vida: A MINHA CHEFE (a qual chamaremos de Jurema). Esta cidadã consegue destruir o dia de qualquer um com apenas palavras ou um mero olhar.

Pensando nesses dois bons motivos e por não ter mais coragem de incomodar pai, namorada e amigos com minhas histórias sobre loucura, foi criado este blog que, na pior das hipóteses, vai servir ao menos pra eu desabafar.

Divirtam-se com as hitorinhas...