sábado, 28 de agosto de 2010

Orgulho de ser NERD

Eu sou (ou fui) Nerd. Não tenho vergonha alguma de admitir isso. Sempre tirei notas boas no colégio. Nunca reprovei. Gosto de desenho animado, TV, músicas estranhas, filmes de ficção científica, computador (com internet, lógico), livros, parafernálias eletrônicas entre outras coisinhas. Ser nerd nunca foi um problema para mim.

Eu também admito que a vida de um nerd é um pouco mais difícil do que a de um não-nerd. Na adolescência parece que o mundo todo resolveu abaixar as suas calças na frente da menina que você gosta e não tem coragem de dizer (e essa aconteceu de verdade, mas deixa isso para lá). Você vira piadinha na escola, nenhuma menina quer dar bola para você, você acredita em coisas que não existem como o amor a primeira vista, duendes, gnomos, Darth Vaider, Hobbits e outras lendas.

Na verdade o que acontece é que as pessoas que passam o ano inteiro querendo tirar uma com a sua cara só lembram de te dar um bom dia quando o ano está acabando e eles estão fudidos precisando de nota para passarem de ano. Durante o ano inteiro esses caras se preocupam em beber doses cavalares de cerveja, fumar todas as marcas de cigarros possíveis, comer todas as meninas da escola e serem pais aos 16 anos, fumar maconha, serem expulsos de sala de aula e aí quando precisam passar de ano diante de vida tão movimentada eles lembram de quem? De nós, os NERDS.

É assim mesmo. Hoje eu acho legal essas historinhas porque sei que muita gente que se aproveitava de mim no passado hoje não passa de um fracassado, mas deixa o rancor para outra hora porque, afinal de contas, eu não sou o Jorge Kajuru.

Tem algumas coisas da vida de um nerd que merecem reflexão. Em geral, o nerd tem dificuldade de relacionamentos com o sexo oposto. Tudo bem que isso é normal na adolescência, mas no caso de um nerd essa dificuldade multiplica-se por três.

Hoje a tarde estava dirigindo e meu irmão contou a história de um nerd que era amigo dele de colégio e que para piorar a situação ainda tinha a alcunha de feio exaltada todos os dias ao entrar na escola. Um belo dia esse exemplar nerd (cujo o nome será omitido por motivos óbvios) chegou na escola revelando que uma menina no MSN estava demonstrando interesse por ele (e isso é outra coisa a ser descrita na personalidade nerd, pois, afinal, nerd de verdade só começa a namorar via internet). Meu irmão então procurou saber detalhes das conversas que os dois tinham virtualmente e o menino então mostrou até as fotos da suposta garota.

Para resumir a conversa, meu irmão descobriu que na realidade esse seu amigo nerd havia criado um MSN falso com o nome de uma menina que também não existia e ficava criando conversas entre a menina e ele para mostrar para os amigos que ele nem era tão feio nem tão nerd assim.

Para piorar a situação outras pessoas descobriram essa história e aí o nerdzinho virou a piada da sala. Também pudera, vamos ser nerds, mas daí a ser profissional é demais.

Vou nessa, meus caros meus. Hoje me orgulho do meu passado e presente nerd, pois apesar dos pesares, sei que foi graças a ele que me tornei um adulto responsável e esforçado.

God bless you.

*25 de maio, o Dia do Orgulho Nerd.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Metáfora do Biotônico Fontoura

“A vida era melhor naquela época em que todos os problemas podiam ser resolvidos com Biotônico Fontoura.” @bomdiaporque

Eu estava olhando a minha página no twitter (@GustavoVaz81) quando vi esta frase postada por um engraçado desta rede de relacionamentos. Fiquei olhando para ela e pensei: “taí um bom assunto para ser comentado no Vivendo com gente doida.

Já perceberam como a inocência foi perdida? Em que lugar você deixou a sua? Em que época você perdeu a sua inocência? Essas questões são difíceis de responder porque a idéia de inocência simplesmente nos foge a cada vez que temos um pensamento maldoso qualquer.

Antigamente, nós acreditávamos que tudo que nossos pais dissessem era a mais a pura verdade. Nós crescíamos e continuávamos respeitando as opiniões dos nossos entes queridos como sendo uma verdade quase absoluta. O problema é que um dia você cresce e “BUM”, a bomba da sabedoria explode e os questionamentos por mais bobos que sejam começam a aparecer. Surge a idade do “por que”. A criança começa a perceber as coisas e pergunta o “porquê” de tudo. E os pais acham isso engraçadinho, ao invés de perceberem que é apenas mais um estágio da evolução humana. Pai e mãe costuma repreender esses “porquês”, pois, na maioria das vezes, não têm paciência para tantas repostas.

Eu não sou psicólogo, nem médico nem pedagogo, mas posso dizer com certeza que essa repreensão a curiosidade de um ser que está desbravando o mundo é um problema para a sociedade como um todo. Nós crescemos adultos cada vez mais inseguros, infiéis, ignorantes e superficiais. A perda da inocência deixa de ser um processo natural do ser humano e torna-se algo ditado pela mídia, pois os pais, que deveriam ter a responsabilidade de ensinar aos filhos, repassam tal problema para a televisão e o rádio.

Digo tudo isso porque vejo exemplos todos os dias do exposto aqui. Crianças de 5 anos cantando “Ela sai de saia e de bicicletinha\ uma mão vai no guidão e outra tapando a calcinha” é tão deprimente quanto a reação de alegria dos pais ao verem tal cena. Quando você ri para o seu filho ao reparar tais estrofes saírem de suas inocentes bocas, você está incentivando essa criança a perder a sua inocência cada vez mais rápido.

Eu sou do tempo (pense num caba véio) em que criança ouvia música de criança e assistia a programas de criança, mas esse tempo ficou para trás, pois a velocidade das informações é cada vez mais rápida.

Não tenho filhos, mas tenho medo de como as coisas estarão quando eles aparecerem em minha vida. Gostaria muito de tê-los e fazer deles adultos inteligentes que questionem o mundo em que vivem. A sociedade prega um tipo de educação onde nada pode ser questionado, como se a sociedade estivesse sempre certa e você fosse apenas mais uma peça da engrenagem. George Orwell já dizia isso em seu clássico livro chamado “1984” editado no ano de 1956. Hoje, mais de 50 anos depois, tudo que ele previa está se realizando. Todas as vezes que nós vamos de encontro ao que é pregado pela sociedade sofremos uma retaliação intelectual ao simples ato de pensar.

Eu gostaria muito de ver a inocência de um puro Biotônico Fontoura de volta, pois ela sim é o que faz o mundo se desenvolver andando para frente.

Entenda, não quero que a população seja enganada com falsas promessas de que um simples tônico é capaz de resolver todos os problemas, mas gostaria de ver as pessoas sendo o que elas devem realmente ser. Criança como criança, adulto como adulto. Sem que haja uma crise moral dos nossos costumes, culturas e tradições.

Essa cultura de massa me dá ânsia. Será que um Biotônico Fontoura resolve?